quarta-feira, 13 de maio de 2015

Pensar o Brasil

por LUIS FELIPE MACHADO DE GENARO



Entre crises sobrepostas e miséria política, sinal de um novo tempo do mundo, velhas questões parecem emergir em um oceano de conservadorismos. Por isso, fiquemos atentos! Um velho ataque de grupos reacionários sempre foi, e permanece sendo, o "inchaço" das estruturas e instituições do Estado brasileiro. 

Penso que retirar quem lá está, via golpes ou impeachment, como buscam tais grupos sob o manto da legalidade, de nada adiantaria. Não se pensarmos a longo prazo ou quisermos simplesmente rasgar a Carta Magna, aqui e agora. 

Hoje, como bem observou Mino Carta em seu último texto, os três poderes estão bem, mas bem mal representados. A que ponto chegamos e como alterar o recente? 

A resposta, reflito, está em substituir a espinha dorsal do Estado brasileiro e suas inúmeras vértebras: menos tecnicistas, burocratas e negociadores, mecânicos e gestores do paliativo, e mais professores, intelectuais e filósofos, partícipes e construtores de um novo projeto de nação. Utopia? 

Vale lembrar que no início da década de 1960, e antes, acadêmicos eram membros-chave de um governo democraticamente eleito – deposto pelo golpe civil-militar de 1964. Celso Furtado, Darcy Ribeiro, Paulo Freire, entre tantos outros, regressavam, pensavam, analisavam e esclareciam um Brasil marcado por inúmeras permanências e poucas rupturas, ao mesmo tempo em que ingressavam na pesada máquina estatal brasileira, visando implodi-la, alterando assim seu curso, desconstruindo suas bases mais sólidas, mais tristes e violentas. Ideólogos de um projeto justo e menos desigual. 

Confuso, indago onde foram parar nossos tantos Furtados, Darcys e Freires, formados e pós-graduados pelo Brasil. Indago por quais razões inúmeras universidades, livre-docentes e suas teorias afastaram-se do agir político, e seus grupos de pesquisa rejeitaram e permanecem rejeitando pensar um país que claramente, na última década, mudou, mas que permanece arrastando-se entre gemidos e dores, antigos grilhões. O que lhes falta? 

Pensar, contudo, não basta. Isso, Marx um dia nos alertou. O momento exige da intelectualidade brasileira uma participação efetiva na atividade política. Uma crítica embasada, novas teorias e modelos. Dos intelectuais de renome, o fim de um sono incômodo. Aos jovens pensadores, uma ação efetiva. De ambas as esferas, a união. 

Nunca tivemos tanto potencial e produziu-se tanto lixo. Com o raiar de um novo tempo, ou estancamos a imbecilização do Brasil, ou seremos arrastados por ela. Um turbilhão de retrógrados, militaristas, fanáticos e conservadores se aproxima. É só parar e escutar. Ele vem chegando rápido. Bem rápido. 

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