segunda-feira, 4 de maio de 2015

Erhos, Conatus e Cinismo como propulsores da política

Uma reflexão sobre a insatisfação

por LUCAS SANTOS



Partindo da premissa de Nietzsche de que todo discurso é uma máscara, podemos compreender, de forma sintética, mas eficaz, como funciona a estratégia política, pois esta está alicerçada no princípio básico de qualquer estratégia que é o da fuga de toda transparência.

Deste modo, então, se pode apontar a insurgência do Partido dos Trabalhadores como reflexo dessa estratégia, visto que, se compreendermos a política em seu sentido filosófico, ela está amparada inicialmente em duas funções, sendo a de deliberação a partir de realidades indefinidas e a gestão do erhos ou, de forma simplificada a gestão da alegria (esta compreendida pelo ideal de Espinoza que a aponta como afeto gerador de um estágio mais perfeito ou completo do ser) e da tristeza.

Isto está dito por que a articulação do PT é feita de forma a agregar o maior número de possibilidades para que a gestão atinja diversos interesses, daí surgem os revoltosos, que entendendo a política como uma forma de revolucionar atiram pedras e mais pedras alegando a perda do foco nas demandas do partido, o que é injustificável, visto que o jogo político não se sustenta apenas em um pilar, ou seja, nenhum partido sobrevive de caridade, pois o que rege o desenvolvimento do programa político do partido pode ser descrito como o princípio do Conatus, que consiste basicamente em possibilitar o aumento da potencia de agir de determinados grupos ou indivíduos através de meios que causem a sensação de autonomia.

A pretensão aqui, no entanto, não é descaracterizar as estratégias petistas, visto que os avanços sociais alcançados através do programa liberal-desenvolvimentista são fato. A discussão que pretendo fomentar se relaciona a constante insatisfação dos indivíduos em relação aos seus representantes políticos. Insatisfação esta, materializada devido à ausência de consciência da atividade cínica dos profissionais da política ligados ao contexto da democracia representativa pautada em princípios liberais.



O indivíduo, ao escolher seus representantes, (isto não se aplica a totalidade dos casos, mas a uma vasta maioria) se importa apenas com o fator “que benefícios terei votando nessas pessoas”, este exercício, porém é feito sem o raciocínio, “além do que foi dito na entrevista concedida ao Wiliam Bonner, o que este candidato pretende” ou “quais são as verdadeiras motivações por trás dessa candidatura”, reflexão que deveria ser feita, visto a conjuntura das relações que fazem com que o processo que chamamos vida ocorra, afinal estamos inseridos em um contexto movido a mentiras ou, de forma menos crua, pelo cinismo, que consiste basicamente na inversão do discurso, que pode ser descrita, também, como o ocultamento dos interesses individuais, substituindo-os por interesses que estejam alinhados com os desejos coletivos, isto para que atinjamos uma posição mais favorável em relação ao outro.

Deste modo, então, podemos concluir que, não importa qual o indivíduo ou partido político que esteja na instância máxima do poder constituído o eleitor sempre terá algo a reclamar, afinal não compreende o “porque” daquele indivíduo que não está trazendo altos benefícios para si estar lá e não devemos nos esquecer de que todo discurso político, seja de direita, centro ou esquerda, tem por objetivo a conquista ou a manutenção do poder e está articulado de acordo com as necessidades do contexto.

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