quinta-feira, 23 de julho de 2015

Como é bom ser tucano no Brasil

Maus feitos administrativos, desmandos e corrupção: a crise que parece não ter fim e a blindagem da imprensa ao governo Richa

por OSVALDO RODRIGUES JUNIOR

Beto Richa acompanhado de Luiz Albi e Marcelo Tchel Caramori, presos na Operação Voldemort


Elevado à categoria de província no ano de 1843, o Estado do Paraná passa pela maior crise institucional e política de sua história. Já é possível afirmar que nenhum dos 56 governos do período republicano demonstrou tamanha incapacidade administrativa e acumulou tantos casos de corrupção. 

Reeleito em 1º turno com 55,67% dos votos, Beto Richa aprovou um pacote de medidas de austeridade, reagiu com violência a greve de servidores estaduais e viu seu governo envolvido em casos de corrupção. Somados os fatos, a aprovação do governador, que era de 64%, despencou para uma rejeição de 76% em março. 

Em janeiro, mais de 20 pessoas foram presas na Operação Voldemort, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO), envolvidas em casos de corrupção na Receita Estadual de Londrina, fraude em licitação e exploração sexual. Entre os detidos, o primo de Beto Richa, Luiz Abi Antou. 

No mês seguinte, o governador implantou o pacote de medidas de austeridade nominado por ele como “freio de arrumação”, que consistia no aumento das taxas de IPVA em 40%; do ICMS da gasolina de 28% para 29%; e no ataque aos direitos trabalhistas, como auxílio transporte, aumentos salariais por tempo de serviço, além de uma mudança de regime na aposentadoria dos servidores, com a extinção do Fundo Previdenciário da Paraná Previdência e a criação da Fundação PREVCOM Paraná, alterando o teto máximo para R$ 4.600 reais mensais, sendo os servidores responsáveis pelo pagamento de um fundo complementar além dos 11% retidos no salário. 

O servidores estaduais reagiram ao “pacote de maldades” de Richa deflagrando uma das maiores greves da história do Estado. No dia 29 de abril, o projeto de lei de alteração do regime de previdência foi enviado para a Assembleia Legislativa do Paraná, porém o que marcou a data foi a truculência do governo Richa, que massacrou os servidores do Estado. O episódio custou os cargos do Secretário de Segurança Pública - Fernando Francischini -, do comandante da Política Militar - César Vinícius Kogut - e do Secretário de Educação – Fernando Xavier Ferreira -, tudo para blindar o governo Richa. 

Em maio, por meio de acordo de delação premiada, Luiz Antônio de Souza, um dos acusados no caso da Receita Estadual afirmou que a campanha de Beto Richa foi abastecida com a propina. Segundo o auditor, R$ 2 milhões de reais foram repassados a Márcio Albuquerque para a campanha de reeleição de Richa. Ainda envolvendo a Receita Estadual, Fernanda Richa, esposa de Richa, foi acusada de receber R$ 2 milhões de propina para promover auditores. Novamente o dinheiro seria utilizado para a campanha de reeleição. 

Na última terça-feira (21), a Polícia Civil do Paraná prendeu 5 pessoas na Operação Quadro Negro, que investiga desvios de recursos públicos destinados a construção e reformas de Escolas Públicas Estaduais. Além de executivos da empresa Valor, responsável pelas obras, foi preso também o ex-diretor do Departamento de Engenharia, Projetos e Orçamentos (Depo) da Secretaria de Estado da Educação, Maurício Jandi Fanini Antônio, velho conhecido dos tucanos e frequentador de cargos de alto escalão nos governos Richa. 

Apesar de todos os maus feitos administrativos, dos desmandos e dos casos de corrupção, Beto Richa permanece no cargo de governador do Estado do Paraná sem ouvir uma panela ou mesmo ter campanha pelo impeachment noticiada pela imprensa estadual. Ao mesmo tempo, Dilma Rousseff é massacrada pelos meios de comunicação e vê a campanha pelo impeachment rondar o Planalto desde os primeiros meses do mandato. 

Essa incongruência se deve à blindagem da mídia em relação aos governos do PSDB, constatada por especialistas da área em casos como o Mensalão Mineiro e o caso de cartel das licitações do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). No Paraná não é diferente, conforme denunciado pelo Deputado Estadual Dr. Rosinha do PT. 

Abraços, 
Osvaldo. 

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