quarta-feira, 10 de junho de 2015

Fé & Business

por SANDRO CHAVES ROSSI

"É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus” (Matheus 19:24)


Esse versículo se encontra no Novo Testamento e foi dito pro Jesus Cristo, um homem que até o fim dos seus dias condenava qualquer prática egoísta e soberba, acima de tudo pregava o amor ao próximo. Lembro do meu avô, católico de carteirinha, dizendo em alto e bom tom: "se Jesus voltasse hoje, o último lugar que ele entraria seria na igreja". Não era raro ver a revolta do meu avô em relação a isso, o ápice foi quando um pastor conhecido da cidade apareceu com uma camionete de cabine dupla, nova em folha, modelo do ano. Meu avô faleceu em 2004, mas se estivesse vivo, com certeza iria se revoltar mais ainda com a situação dos líderes religiosos de hoje.

A igrejas evangélicas viraram grandes negócios, movimentam rios de dinheiro todos os anos e pregam a "teologia da prosperidade" para justificar o enriquecimento de seus líderes. O grande problema disso é que o poder econômico dessas igrejas está conseguindo converter um número cada vez maior de fiéis, pregando ideias conservadoras e cultuando um ódio que atinge os mais diversos segmentos da sociedade. Nas últimas eleições, a bancada evangélica aumentou no Congresso e começou a colocar em prática as suas pautas.

Como foi dito anteriormente, as igrejas evangélicas movem grandes quantidades de dinheiro todos os anos e isso que impulsiona o conversão de tantos fiéis. Bem, então vamos falar de valores. A Forbes, famosa revista estadunidense que fala do mundo dos negócios, fez um levantamento sobre o patrimônio dos pastores evangélicos brasileiros, o ranking ficou assim:

1. Edir Macedo

O fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, é disparado o pastor mais rico do Brasil, estima-se que o seu patrimônio gira em torno de US$ 950 milhões, ou seja, cerca de R$ 2 bilhões. Macedo usou a religião para lucrar nas mais diversas áreas, também escritor, vendeu mais de 10 milhões de livros, todos sobre religião. Porém, seu maior legado é a Rede Record, uma das maiores emissoras do Brasil, além disso ele também é dono do jornal Folha Universal e dono de diversas gravadoras.

2. Valdomiro Santiago

Criado da Igreja Universal, se desentendeu com Edir Macedo e fundou sua própria igreja, a Igreja Mundial do Poder de Deus e já tem quase 5 mil templos espalhados pelo Brasil. Seu patrimônio líquido está entre US$ 220 milhões, um pouco mais de R$ 450 milhões.

3. Silas Malafaia

Líder da Assembleia de Deus, a maior igreja pentecostal do Brasil. Malafaia está sempre envolvido em polêmicas, principalmente com a comunidade gay. O patrimônio de Malafaia é de aproximadamente R$ 300 milhões, porém o que chama a atenção não é o patrimônio do pastor, mas sim o quanto a sua instituição arrecada. A Assembléia de Deus tem um projeto que visa atingir a marca de R$ 1 bilhão, com o intuito de usar esse dinheiro para criar o seu próprio canal de televisão. A Forbes estima que essa campanha já tenha arrecadado pelo menos 40% do valor desejado.




Todo esse poder econômico chegou ao Congresso. Pautas contrárias aos direitos civis de minorias e favorecimento fiscal para os templos são unanimidade para esse grupo, que foi apelidado de "Bancada Evangélica". Hoje a bancada evangélica é uma das maiores forças políticas dentro do Congresso e aumentou sua força ao se unir com a Bancada da Bala, liderada pelos militares, e a Bancada Ruralista, que é composta de latifundiários. A maior conquista da Bancada Evangélica aconteceu esse ano ao conseguirem eleger Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para presidente do Congresso. Com pouquíssimo tempo de governo, Cunha já colocou algumas pautas em votação e que tiraram o sono de muitos brasileiros.



Eduardo Cunha defende as pautas mais voltadas ao empresariado. A última delas foi a legalização de doações de pessoas jurídicas à partidos políticos, fato que gerou fervor no cenário político, pois a grande maioria dos escândalos de corrupção que acontecem nos governos têm a participação de empresas. Muito se fala no corrupto, mas nada do corruptor, que no caso são os empresários. Cunha fez uma manobra para conseguir aprovar seu projeto, pois na primeira votação o projeto foi barrado. Nos dois casos a Bancada Evangélica votou com unanimidade a favor de Cunha.

Mas o que a relação de Eduardo Cunha com os empresários tem a ver com a Bancada Evangélica? Simples, a Bancada Evangélica ajuda o Cunha a aprovar seus projetos e o Cunha da uma ajuda pra eles. Como? Isenção fiscal das igrejas. O projeto foi votado na surdina, de um dia para o outro ele estava aprovado.



A MP (Medida Provisória) livra da cobrança de impostos as chamadas “comissões” que pastores e líderes religiosos ganham por arrebanhar fiéis ou arrecadar mais dízimo e pode anular autuações fiscais que somam mais de R$ 300 milhões. Assim, a medida beneficia principalmente as igrejas evangélicas neopentecostais, onde o pagamento de comissões a pastores é mais freqüente. 

A Constituição garante imunidade tributária a templos, mas os profissionais que neles trabalham e que recebem salário, incluindo os pastores, devem pagar Imposto de Renda e contribuição previdenciária sobre a remuneração. Não há, porém, tributação sobre “ajuda de custo” (moradia, transporte, alimentação, etc), desde que esse dinheiro seja destinado à subsistência do empregado. Muitos dos casos de sonegação religiosa, portanto, são de pastores que recebem um salário mínimo e “comissões” a título de “ajuda de custo”, que em alguns casos podem chegar a R$ 100 mil, dependendo do desempenho em atrair fiéis. Para a fiscalização, no entanto, as comissões não configuram ajuda para subsistência, e por isso os religiosos passaram a ser autuados.

A MP de Cunha amplia o conceito de ajuda de custo e diz que o dinheiro não precisa ser exclusivamente para subsistência. O artigo foi incluído na MP 668 do ajuste fiscal, que trata originalmente do aumento de impostos sobre produtos importados. Para vigorar, precisa passar pela sanção da presidente Dilma Rousseff (PT).

Estamos cercados pelo fundamentalismo por todos os lados, estamos sendo encurralados por quem se diz seguir um homem humilde e que foi crucificado por lutar contra tudo isso que lutamos hoje. Na situação que estamos, talvez seja melhor que Jesus volte logo, aí eu vou pode confirmar o que meu avô dizia: Jesus não chegaria nem perto de uma igreja.

2 comentários:

  1. esse blog eh uma piada mesmo, nao duvido nada q o murilo nao tenha mechido os pauzinhos pra consegui uma "ajudinha " do gov federal pra financia essa piada q ele e os companheiros dele fazem tdos os dias, esse sandro ja ta ficando pior q o murilo, que deus nos proteja dessa corja

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  2. HAHHAHAAHAHAHAHAHHAHA... esse anônimo de merda entende TUDO!

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