por JESSICA LEME
No passado, quando o poder das imagens se restringia somente à das obras de artes, das paisagens naturais, entre outras formas de gravar imagens de maneira rudimentar, elas não detinham grande poder ou fascínio sobre o homem. Naquele momento a literatura e a filosofia eram os carros chefes do interesse humano, da curiosidade.
No mundo moderno, ou melhor, pós-moderno vivemos uma avassaladora avalanche de imagens diárias. Essas imagens trouxeram à tona uma nova tendência social, a do culto ao corpo perfeito como objeto da felicidade humana. Segundo a socióloga Tatiane P. Trinca, há duas formas de entender essa obsessão pelo corpo ideal, uma passando pela falta de perspectivas com o mundo, da mercantilização dos relacionamentos e também pela busca de uma infinitude do corpo atual, correspondente ao velho medo de envelhecer.
Segundo a autora nossa sociedade individualista tem aumentando esse sentimento narcisista instalado em todas as faixas etárias, que busca no seu próprio eu a perfeição inexistente ao seu redor, o consumo se volta totalmente ao próprio ser, minando cada vez mais as tentativas de viver em coletividade e de pensar coletivamente.
Na contramão damos de encontro com a mídia e o mercado de consumo que a cada dia cria mais artifícios que prendem o homem na busca do corpo perfeito no anseio de sanar suas aflições derivadas da depressão e ansiedade. Dessa maneira diversas áreas da estética, tem cada dia mais se especializado na área de cuidados do corpo, da vaidade humana. Com a explosão das mídias principalmente das propagandas televisivas bem como as revistas com modelos de corpo e comportamento lançadas após os anos 60 esse comportamento passou a ser incorporado não somente pelas classes sociais mais ricas, e sim por toda uma grande massa de consumo.
[...] vender um xampu ou uma pasta de dentes é, em primeiro lugar, impor ao público, com a imagem da cabeleira ou do sorriso de uma estrela de cinema, a ideia de que é preciso lavar os cabelos ou os dentes, e não há como ampliar as vendas de bronzeadores enquanto a pele bronzeada na volta das férias não se tornar um imperativo social. Assim, os comerciantes contribuíram mais do que os higienistas para difundir os novos hábitos do corpo”. (PROST, 1992, p.98).
A grande massa tenta a partir dos modelos famosos impor sua representatividade, seja através da busca do corpo perfeito, ou através da propagação de imagens de si próprios através das redes sociais. Estas imagens a cada dia se tornam mais e mais intimistas como as chamadas selfies pós-sexo, ou seja, fotografias feitas teoricamente logo após ato sexual e publicadas em redes sociais pelos próprios autores.
Na sociedade do espetáculo o homem está abrindo mão de sua intimidade no afã de se fazer ver, de se fazer presente. Redes sociais mostram diariamente o dia a dia de uma população que em sua maioria não faz parte de nenhuma rede política, de esfera de poder ou qualquer coisa do gênero, são anônimos buscando seu lugar ao sol, seus quinze minutos de fama. Sociedade vazia.
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