por JESSICA LEME
A história americana está recheada de crimes raciais e civis, mas, não sejamos hipócritas, não só a deles. No século XIX durante a Guerra Civil Americana e a divisão de ideais que rachou o país entre os que lutavam pelo fim da escravidão (Norte) e aqueles que sequer consideravam a ideia de que um negro era um cidadão americano (Sul).
Naquele momento da história, ainda muito inflamados pelas ideias iluministas trazidas pela Revolução Francesa, de igualdade entre os homens e principalmente de liberdade, somava-se o grande desenvolvimento industrial que estava tomando a Europa e notoriamente interessou aos Estados Unidos, que também precisavam aumentar seu mercado consumidor.
Lincoln pagou o preço pela abolição da escravatura, e, mesmo após ser assassinado, a Guerra Civil ainda permaneceu, assim como o racismo dos estados do Sul americano se intensificou. Vieram outros na luta pelos direitos civis a partir da década de 1950, Malcon X, Rosa Parks, Luther King, buscando direitos básicos aos afrodescendentes.
Na semana passada, um jovem branco foi detido após ter cometido um crime terrorista numa Igreja matando nove pessoas, igreja essa que no passado foi palco de discussões sobre direitos as minorias e é considerada um símbolo nacional de luta das pessoas negras. Com ele encontraram-se diversas fotografias e objetos relacionados a grupos racistas, um destes objetos a bandeira dos Estados Confederados (Criada para a Guerra Civil Americana como representação dos estados do sul, contrários a abolição da escravatura) - esta mesma bandeira ainda hoje é usada pelo estado do Mississipi.
Após o atentado terrorista motivado por ódio racial, segundo o próprio assassino que pretendia iniciar uma guerra entre brancos e negros, voltou à tona novamente uma discussão já feita no passado sobre o quanto a bandeira do estado simboliza ainda a ideia de supremacia branca e de incentivo ao racismo. Ainda no inicio dos anos dois mil o estado do Mississipi promoveu um plebiscito para decidir se a bandeira continuaria a mesma. Com a vitória, o símbolo da Guerra Civil permaneceu.
O poder dos símbolos é evidente ainda mais em nossa sociedade de imagem. Sabemos que em vários momentos históricos e principalmente em governos e grupos que pregam ideias de supremacia usaram de imagens e símbolos para causar o sentimento de integração dos grupos (nazismo, fascismo, URSS) etc.
O grupo racista Ku Klux Khan, criado ainda nos finais da Guerra Civil, trazia como símbolo a bandeira dos Estados Confederados, naturalmente que ela se tornou um elemento de identidade daqueles que acreditavam na ideia de superioridade branca, assim como pregavam o assassinato e perseguição de pessoas negras promovidos pelo grupo. O jovem preso pelo atentado à Igreja segue sob suspeita de pertencer a esse grupo ou similares que ainda resistem ao tempo, propagando seus ideias de forma discreta, porém, devastadora.
O fato é que mesmo com Obama sendo o primeiro presidente negro dos Estados Unidos pouco se tem feito para conter os avanços dos crimes contra os negros norte-americanos que vem sofrendo seguidos ataques racistas, ataques estes que tem ganhado bastante notoriedade na mídia novamente frente às passeatas e manifestações de setores da sociedade civil que não querem mais viver os horrores dos anos 1960.
Mesmo os EUA sendo considerados modelo de desenvolvimento humano a realidade das comunidades negras e latinas é bem diferente da população branca que é nove vezes mais rica que as demais. Os negros e latinos também fazem parte das estatísticas de crimes, de maior mortalidade, entre outros índices que só reafirmam que mais que respeito e liberdade os povos imigrantes e os negros ainda terão que lutar muito para conquistarem efetivamente a América.
muito bom essa pesquisa
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