segunda-feira, 15 de junho de 2015

Cidades Rebeldes e a esquerda que não quer ouvir

A história do seminário que reuniu alguns dos maiores nomes da esquerda no mundo e foi repudiado pela... esquerda

por MURILO CLETO



Durante a semana passada, a Boitempo Editorial e o Sesc Pinheiros promoveram o seminário internacional Cidades Rebeldes, que tem como principal proposta discutir "questões como os efeitos do neoliberalismo nas cidades, as insurgências urbanas na história, a urbanização militarizada, os megaeventos esportivos, desenvolvimento urbano e meio ambiente, a mobilidade e as novas configurações das lutas de classe", como anunciado pelo endereço eletrônico do evento (http://cidadesrebeldes.com.br/), que foi inspirado pela coletânea homônima lançada pela própria Boitempo sobre as manifestações de junho de 2013.

Ao todo, mais de 40 convidados nacionais e internacionais compuseram as mesas de debates sobre a questão urbana e o direito à cidade. O grande destaque ficou por conta do célebre antropólogo David Harvey, que teve um mini-curso dedicado exclusivamente à sua obra. Na quarta-feira, o teórico marxista Moische Postone, da Universidade de Chicago, liderou as discussões sobre Trabalho, mobilidade, flexibilização: a dominação social hoje.

Apesar da programação inclinada à esquerda, o Cidades Rebeldes desagradou grande parte dela. Sob o título de "A rebelião não será gourmetizada", o Movimento Independente Mães de Maio veio a público com uma nota de esclarecimento sobre sua ausência no evento que serviu também de repúdio a ele, fundamentalmente por três razões. A primeira é a de que o convite recebido pelo coletivo aconteceu muito em cima da hora e somente graças à desistência de um dos intelectuais, o que não soou digno. A segunda é a de que o valor das inscrições (R$ 60 para todo evento; R$ 20 por dia avulso) elitizaria o seminário - todo o evento foi transmitido online pelo Sesc. A terceira, e mais incisiva, é a de que enquanto movimentos legítimos de batalhas por direitos estiveram de fora, como também o Movimento Passe Livre, figuras como Lula e Haddad estariam presentes. O trecho é longo demais para ser reproduzido na íntegra, mas alguns excertos merecem destaque. Os grifos são meus.

Afora a presença de algumas figurinhas carimbadas de mediadores e comunicadores totalmente integrados, e sempre a postos, à máquina petista-governista de lavagem cerebral (“progressista”, “livre” e “amorosa”) de trabalhadores e trabalhadoras…
Nós não acreditamos ser mais possível, a esta altura do campeonato, intelectuais de esquerda dignos deste nome, organizarem um seminário sugerindo que o Sr. Luís Inácio Lula da Silva tenha qualquer legitimidade para falar sobre “os desafios para uma esquerda democrática”. Logo este Sr. que, todos sabemos – ou deveríamos saber, se trata das figuras mais centralizadoras e autoritárias da chamada exquerda brasileira; que capitaneou, usou, abusou e ainda capitaliza até hoje todo um projeto coletivo de décadas e gerações de trabalhadores brasileiros, em torno de si e em favor de um projeto pessoal permanente de poder, que se renova a cada ciclo eleitoral. Uma figura cercada por fiéis correligionários que fazem todo o trabalho sujo para ele, que nunca permitiram qualquer democracia interna dentro do PT, e que nunca toleraram a ascensão de qualquer forma de questionamento/oposição a sua figura.
O que este sujeito, então, teria agora a dizer sobre as “Jornadas de Junho” e a noção de “rebeldia” para a verdadeira esquerda brasileira nos dias de hoje – que não sejam dicas para a melhor cooptação (ou repressão) de movimentos sociais e para a preservação/renovação da ordem do capital e seus espaços/territórios de acumulação (e espoliação, como nos ensina Harvey) atualmente no Brasil?!
A quem interessa promover, pela enésima vez, esta confusão na cabeça das pessoas realmente de esquerda (que acompanharão o Seminário), colocando joio e trigo juntos e misturados: sugerir que o Sr. Luís Inácio Lula da Silva, e a alta-burocracia do Campo Majoritário do PT (Lula, Dirceu, Pallocci et caterva, que destruíram este projeto coletivo de 30 e tantos anos, e ainda por cima carimbaram por longo-tempo o selo da “corrupção” em toda a esquerda do país), tenham qualquer coisa a dizer (em favor) ou a contribuir para uma real renovação da esquerda brasileira?! A quem interessa esta confusão (ou este proposital “red washing” na imagem de Lula), se não única e exclusivamente aos interesses pessoais, político-eleitorais, do Sr. Lula – o eterno-candidato dessa alta-burocracia e seus asseclas?! Acompanharíamos a sua bela retórica, pela enésima vez “na história deste país”, com uma total ingenuidade ou um total cinismo? Temos cara de trouxas?! Até quando?!
O mesmo raciocínio vale – ou deveria valer – para a participação do Sr. Prefeito Fernando Haddad na mesa de Encerramento do Seminário Internacional, justamente aquela que tratará “Da Primavera dos Povos às cidades rebeldes: para pensar a cidade moderna”, e que, emblematicamente, também não conta com nenhum integrante do Movimento Passe Livre São Paulo – nem de qualquer uma das centenas de organizações autônomas de trabalhadores que nos rebelamos e saímos às ruas cotidianamente ANTES, DURANTE E DEPOIS DE JUNHO DE 2013 (até os dias atuais), não apenas para “pensar”, mas efetivamente construir “uma cidade moderna” desde baixo, horizontal e coletivamente, sem velhos nem novos guias geniais dos povos, visando uma sociabilidade realmente mais igualitária, justa, não-punitivista, diversificada, autônoma e livre.
Definitivamente, companheiros e companheiras deste Seminário: desde quando “somos todos de esquerda”?! Desde quando “é tudo a mesma coisa”?! Até quando sustentarão essa farsa conciliatória de classes do “amplo, geral e irrestrito” campo “democrático-popular”?! O que nós temos a ver com as construtoras, empreiteiras e banqueiros que financiaram, por anos a fio e às pilhas de dinheiro, pelos Caixa 1, 2 ou 3, este projeto de poder-pelo-poder?! O que há de esquerda e de rebeldia nisto?! Quem foi que nos colocou neste balaio de gatos e ratos, cobras e porcos, nos tornando reféns da constante chantagem desta nova direita prática?! Desde quando houve/haverá “governabilidade” possível (à esquerda) com o padrão sarney-temer-renan-cunha que hegemoniza as instituições de todo o estado brasileiro há décadas – e estamos vendo muito bem a que ponto chegou na atual hiper-atuação, sob a regência de Cunha e Renan, das bancadas do Boi, da Bíblia e da Bala, sempre tratadas a pão de ló como “base aliada”, nos últimos anos, pelos “habilidosos” gestores petistas?! Verdadeiros “craques”… Em que?! Para quem?!

Presente na primeira mesa de quinta, o historiador e candidato ao governo do estado pelo PSOL Gilberto Maringoni respondeu ao companheiro de partido Juliano Medeiros, que compartilhou a nota do Mães de Maio, classificando-a como "infame" e "vergonhosa". O colunista do Brasil Post e doutorando em Direitos Humanas Raphael Tsavkko Garcia, por sua vez, chamou Maringoni diversas vezes de "pelego" por isso.

Diante de alguns dos compartilhamentos da programação do seminário no Facebook, Tsavkko comentou:

A programação é bem interessante, assim como a temática, mas duas "mesas" me chamaram atenção.
Uma, "Da Primavera dos Povos às cidades rebeldes: para pensar a cidade moderna" em que HADDAD estará presente. Beleza, ele é o prefeito da cidade, mas gente, Haddad vai falar de cidades rebeldes? O cara que disse o seguinte de Junho de 2013:
“O prefeito Fernando Haddad qualificou os movimentos de junho de 2013 de conservadores que culminaram com a eleição de Congresso Nacional de igual perfil no ano passado --segundo ele, o mais conservador desde 1988. As declarações foram feitas no fim de semana, em reunião da Open Society Foundation, do bilionário George Soros, no Rio” – Mônica Bergamo, jornalista – Folha de S. Paulo, 23-04-2015.
Mas não é o pior, calma, senta que lá vem.
A abertura do evento, cujo título é "Das Diretas Já às Jornadas de Junho: desafios para uma esquerda democrática" estará a cargo de.... LULA!
Sim, o camarada que não faz ideia do que seja esquerda democrática (nem a democracia do PT ele respeita, tendo imposto Dilma e nosso querido Haddad já citado) e cujo poste defeituoso - Dilma - e ampla maioria do PT - aquele partido em fase de metástase e que é um verdadeiro câncer - consideram Junho praticamente um levante fascista.
E vão botar esses dois palhaços? Um deles pra abrir o evento? Rapaz, a Boitempo sabe cagar um evento....
Ah, detalhe, o evento é PAGO. Não chamaram o Lula? Pede pra ele botar alguma grana que o partidinho dele roubou da Petrobrás pra financiar o evento, né?


A rejeição ao seminário no interior da esquerda, entendido e de antemão desqualificado como "petista", impediu que se visse, pro além das participações de Jean Wyllys, Gilberto Maringoni e Vladimir Safatle - grandes figuras ligadas ao PSOL, que faz dura oposição ao governo - a retumbância contundente das falas de Guilherme Boulos, Carlos Vainer e Jorge Luiz Souto Maior, críticos do legado excludente da Copa do Mundo e do aparelho estatal montado para sua efetivação. Boulos insistiu na questão da brutal injeção de crédito na economia, que, ao mesmo tempo em que serviu para endividar o brasileiro, impulsionou como nunca a especulação imobiliária nos grandes centros urbanos e expurgou os mais pobres cada vez mais para as margens.

Em que pese serem perfeitamente discutíveis as ausências de Movimento Passe Livre e o convite inapropriado ao Mães de Maio, o que chama atenção é a tendência de desautorização que ronda o desacordo. Quer dizer, o seminário, que nem se anuncia oficialmente como de esquerda, peca por abrir espaço de diálogo com representantes de uma esquerda que "não é de verdade".

O clima de sectarismo que circundou a realização do seminário contaminou o público. Convidado para compor a mesa sobre os megaeventos esportivos, o coordenador do Grupo Executivo da Copa do Mundo Luis Fernandes foi vaiado por parte da plateia, só freada com a intervenção de Vainer, que, apesar de crítico ferrenho das escolhas dos governos em função do torneio, precisou lembrar a importância da presença de um dos seus integrantes para simplesmente ouvi-lo. Isso tudo no mesmo evento que, antes de começar, foi taxado de governista.

Na quarta-feira, o mediador Sérgio Amadeu leu as questões do público, que fez menção à nota do Mães de Maio, aplaudida, e perguntou em tom de retórica, na mesa Cidade pra quem? Ganhar e perder a vida na periferia da periferia do capital, por que o seminário não era realizado na periferia. O auditório aplaudiu, até que o escritor Ferréz rebateu: "toda semana tem evento lá no Capão Redondo e eu nunca vi nenhum de vocês lá". Novas palmas, agora pro choque de realidade. Ao final, o coordenador da Boitempo destacou que a unidade de Pinheiros é a maior do Sesc em São Paulo e a única capaz de comportar aquele número de ouvintes.

Nada disso surpreende, afinal a emergência de uma esquerda moralmente superior e que jogou o debate político pro campo do fla-flu, reinante na história do tempo imediato, é mais um dos efeitos colaterais de um espaço público tomado pelo autoritarismo. Que seja - e é - o Mães de Maio um dos mais respeitados e respeitáveis movimentos da contemporaneidade, o recado dado pela nota original e pela resposta a Maringoni, que veio neste sábado, é muito claro: não há posição possível além da sua. E essa parece ser a tendência.

2015 vai ficar lembrado como o ano em que um dos mais importantes seminários de viés esquerdista do país nos últimos tempos foi repudiado pela própria esquerda. E enquanto ela, a esquerda, se racha no narcisismo das pequenas diferenças, quem diria, a direita cresce como poucas vezes se viu. Sinal dos tempos. Péssimos e sombrios tempos.



Pra quem está disposto a ouvir, o Sesc disponibilizou todos os debates no YouTube. O endereço é este aqui: https://www.youtube.com/user/portalsescsp

Abraços,
Murilo

10 comentários:

  1. Perfeito, Murilo, você acertou em cheio. Impressionante como aquela carta sectária e mal escrita do Mães de Maio (há quem duvide que seja do movimento como um todo) ganhou espaço entre os quie torcem pra que o pior sempre vença. (Carol Protásio)

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  2. Achei esse texto de uma ingenuidade política sem tamanho.

    É claro que a imensa maioria dos convidados não eram 'peitistas'.

    Lula pra abertura e Haddad numa mesa final. Curioso não? Os gestores petistas que criminalizaram e desautorizaram os rebeldes das cidades, que passaram por cima das pessoas com o trator da Copa...

    Meu caro, ingenuidade demais não perceber que o ntuito era colocar toda a esquerda atrás desse projeto de poder deles. Frente de Esquerda é a última cartada do petismo para se manter no poder. Criminalizam quando é conveniente, usam, fazem um branding com os rebeldes quando é conveniente.

    Pelo jeito vc não entenderia também se os marinheiros de Konstradt se recusassem a participar de um evento sobre a revolta contra a centralização cujo palestrante de abertura fosse o Trotsky.

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  3. Que alívio ler esse seu texto Murilo! É realmente de chorar ver a própria esquerda se enveredando nesse tipo de sectarismo diante de um quadro tão difícil de avanço da direita. Aí está a verdadeira interdição ao debate: não se discute mais ideias, estratégias, questões e problemas... retira-se o outro totalmente do campo da esquerda para então desautorizar seu discurso e recusar-lhe o diálogo. Não falamos com "ex-querdas", não falamos com "esquerda gourmet", não falamos com ninguém do PT, nem com ninguém que ache que alguém do PT tenha algo a dizer... (Anna Esteves)

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  4. Bastante engraçado o pessoal que chama de 'sectário' as Mães de Maio por exporem o óbvio e explicarem sua não participação nesse evento, e ao mesmo tempo, pelo que parece, essas pessoas nunca terem chamado Lula de sectário por nunca querer receber as Mães de Maio quando era presidente.
    Inocentes úteis ou lulistas descarados?

    Engraçado que quando o governo do PT passou por cima das pessoas com o trator da Copa, não foi chamado de 'sectário'.

    Veja o paradoxo: os rebeldes de junho de 2013 são chamados de sectários quando não compactuam com seus repressores num evento criado a partir das suas rebeldias!!! Morro e não vejo tudo!
    O que vcs críticos das Mães de Maio querem não é não-sectarismo, mas submissão, que são duas coisas bem diferentes.

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    1. AO ANÔNIMO: Não é que o Movimento Mães de Maio é sectário. Você está confundindo uma crítica a um posicionamento específico (que nem foi só do movimento) com um rechaço total do sujeito ao qual ela corresponde. Ninguém está criticando o Mães de Maio por ser sectário e portanto deslegitimando toda e qualquer fala sua, e desautorizando sua própria luta! Por isso não faz o menor sentido que se cobre que também se acuse o PT de sectarismo (pode até ser, mas isso simplesmente não vem ao caso, entende?). E o problema é justamente esse. O que está em jogo é o inverso: desautorizar por completo um evento de esquerda. Por que? Porque há nomes do PT no evento. E o PT não é esquerda. E um evento que dê voz a alguém que não é “esquerda de verdade” merece ser publicamente rechaçado. Não merece nem o embate de ideias. Sinceramente, acho que nem um quinto dos debatedores era petista. Acompanhei boa parte dos debates online e não vi ninguém tendo que se pautar por discurso petista. Muito pelo contrário. Vi mais críticas ao PT do que o contrário. Veja os vídeos do seminário, que estão todos online e me diga o que acha. Simplesmente não vejo como aceitar o convite para debater nestas condições seja se submeter ao programa de poder petista. E certamente não vejo como rechaçar o seminário contribui para derrotar esse suposto programa de poder.

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    2. A carta das Mães de Maio não desautoriza um evento por ter petistas. Desautoriza um evento que busca fazer em 'red washing' do Lula-PT a partir daqueles que foram criminalizados por esses mesmos gestores! Me explique como Lula pode parar na abertura de um evento que se reporta às práticas rebeldes de junho de 2013?
      A carta das Mães de Maio desautoriza que se use o sofrimento, as práticas, os sentimentos, as mortes desses 'rebeldes' para criar imagem de esquerda para os repressores desses rebeldes.
      As Mães de Maio desautorizariam também, por exemplo, o uso da imagem delas para vender sabonete ou cerveja. É disso que se trata, de uma impostura, de uma falsificação histórica a que esse evento e seus organizadores se prestaram, ou tentaram dar seu quinhão para que ocorra.

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    3. Veja as gravações do seminário, camarada. Não tem absolutamente nada disso lá... "falsificação histórica"? "lavagem cerebral"? Fala sério... que viajem!

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  5. Num entendi o texto o seu texto MURILO..

    A Boitempo organiza um seminário sobre as Jornadas de Junho e não chama para ouvir o MPL – que há menos de 2 anos atrás ela chamou pra abrir o livro de mesmo nome. E as Mães de Maio é que são “a esquerda que não quer ouvir”? Num entendi..

    Você é formado em história, MURILO?

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  6. aplausos murilo! texto claro e corajoso... correndo o risco de ser acusado de ser "financiado pelo lula". kkkkk cara, fiquei morrendo de vergonha quando vaiaram o luis fernando no debate sobre a copa. é claro que concordo mais com a avaliação do carlos vainer, mas a reação de uma parte do público foi completamente boçal.

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  7. Total! E aliás, essas três principais críticas que aparecem na carta ainda vão em direções opostas. Vejamos:

    1. Mães de Maio foi convidado apenas como segunda opção.
    2. O seminário era pago, para poucos portanto.
    3. O seminário abria com Lula e fechava com Haddad, sem contar com a participação de nenhum movimento social autenticamente rebelde.

    Ora, se a intenção era associar à força a imagem de Lula e Haddad à da autêntica rebeldia das ruas, porque então não chamaram logo vários movimentos sociais como primeira opção? Porque chamariam só um "rebelde" depois que um convidado internacional cancelou?

    Ora, se o seminário era uma jogada de "lavagem cerebral" da máquina petista-governista, porque restringir a entrada só para poucos, a quem podia pagar?

    Se você aceitar que na verdade o seminário queria atingir um número grande de pessoas (daí a opção pelo maior auditório do sesc e a transmissão via internet), então a segunda crítica também cai.

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