Itararé entre a esquerda e a direita

De que lado você está?

por LUIS FELIPE GENARO

Nos dias que se seguem, notam-se na cidade de Itararé grupos com forças e projetos opostos que crescem exponencialmente nos mais diferentes âmbitos de ação, angariando aliados e hostilidades diversas. Existem diferenças e semelhanças que os impelem para dois polos antagônicos claramente delimitados.

Um polo à esquerda, empunhando planos para médio e longo prazo, ideais de emancipação baseados numa consciência histórica local que os motiva não apenas a acreditar na política como força motriz para mudanças estruturantes, mas como arma capaz de romper com permanências há decênios arraigadas em espaços públicos e na sociedade em geral – as pequenas corrupções cotidianas, o pensamento conservador, desinteresse pela “coisa pública”, desinformação, etc. 

Mesmo que membros deste polo sejam peças indispensáveis para o funcionamento da máquina pública, a inédita conjuntura os forçou a pensar a gestão não como fonte de riquezas pessoais, mas coletivas, equânimes, refletindo sobre os principais pilares que regem nossa atual gestão. São peças sem interesses escusos e desejos ocultos; peças que, parafraseando um velho filósofo alemão, não pensam Itararé por pensar, pensam-na visando transformá-la. 

Existe, contudo, um polo à direita, apesar de muitos não caracterizarem-se como tal. Seus membros são balizados por sentimentos nostálgicos nunca dantes observados. Imersos em um reacionarismo populista por vezes grotesco, são peças-chave de gestões passadas, marcadas a ferro e fogo por corruptos e corruptores. São mantenedores dos principais meios de comunicação que alimentam a comunidade itarareense – distorcendo-a, manipulando-a, envenenando-a. Detêm contatos e financiamentos além dos limites da ética e do bom-senso e, como muitas vezes constatou-se, não têm nada a perder. 

Sua preocupação nunca foi com o povo e a cidade de Itararé, por mais que suas falácias tão bem contadas, muitas delas ordenadas com tamanha eloquência, sejam aplaudidas pela grande maioria. Este projeto à direita distingue-se do primeiro – e não apenas! – pela quantidade de interesses privados que se entrecruzam e o anseio salivante pelo status quo. 

Aos que integram o primeiro polo resta-nos, nestes anos que antecedem as eleições municipais, à busca incessante por mudanças mais profundas, projetos alicerçados e contra-ataques dignos de um foro consolidado – não por conveniências ou vantagens mil, mas por ideologia. Não visamos conservar o poder pelo poder. 

Para muitos, nos dias de hoje, “esquerda” e “direita” não passam de conceitos enferrujados pelas maresias da História. Sinal dos tempos. Em pleno vapor, a díade ideológica, segundo Norberto Bobbio, continua a ter “pleno curso na linguagem política”. Em Itararé, delimitar estes grupos e sujeitos, no entanto, nunca foi tão fácil, incômodo e necessário. Nunca o unir-se e o apartar-se afloraram com tamanha voracidade, e a escolha por um lado mostrou-se tão indispensável.