terça-feira, 29 de julho de 2014

Boatos

por MARCUS NASCIMENTO

“[...] politicamente, não são tanto as conversações e discussões parlamentares, e sim as conversações e discussões privadas, que importa considerar”. (Gabriel Tarde)



Boato pode ser definido como uma notícia anônima que corre publicamente sem confirmação. A cada semana notícias sem origem e veracidade conhecida passam pela boca do povo e logo deságuam ferozmente nas redes sociais. Às vezes o caminho é inverso.

Só nos últimos meses, a rede mundial de computadores foi inundada de informações que não correspondiam nem um pouco à realidade e tiveram resultados desastrosos, como o pânico causado por um suposto toque de recolher em Minas Gerais, o saque de um condomínio no Rio Grande do Norte e o linchamento e morte de uma dona de casa em São Paulo.

No âmbito político, os boatos se mostram tão nocivos que os principais partidos na disputa eleitoral desse ano trabalham em estratégias para contê-los ou pelos menos minimizar os seus efeitos de informações que visam denegrir a imagem de um partido e/ou candidato.

O suposto cancelamento do Bolsa Família por parte do governo federal em 2013 e a hipotética dissolução de alguns programas sociais caso Aécio vença as eleições, são casos que talvez tenham levado PT e PSDB, respectivamente, a terem essa preocupação com os boatos.

Muitas pessoas ao abrirem sua caixa de e-mail já se depararam com mensagens que geraram indignação mesmo sendo inverdades. Tomemos como exemplo a interpretação deturpada do auxílio-reclusão (para entender como funciona esse auxílio clique aqui) e a fictícia aprovação do pelo senado da “Bolsa-Prostituição”.



Um caso emblemático sobre o uso de boatos na política foi o que estourou depois da edição do dia 21 de julho de 2013 do programa “Fantástico” da Rede Globo, na qual foi reproduzido um vídeo, gravado no ano de 2012, em que o deputado federal por Minas Gerais Aelton Freitas (PR) “explica” ao candidato a prefeito de Capetinga, Donizete do Escritório, como espalhar boatos sobre Daniel Bertholdi, também candidato a prefeito.

Segue abaixo as orientações de Aelton à Donizete: 

“Vamos buscar três, quatro pessoas dentro do nosso grupo que saiba incomodar o Daniel (...). Três ou quatro pessoas que possam estar em boteco ou em ponta de rua soltando boato e fofoca. Porque o Daniel tem que desmentir e perder tempo naquilo.”

O caso de Capetinga parece familiar a atual situação da Sentinela da Fronteira que de tempos em tempos se vê agitada, até mesmo revoltada, crédula nos mais novos boatos que se espalham como fogo em capim seco. 

A falsas informações sempre causaram polêmica, porém a que falava sobre o corte da alimentação na Casa de Apoio de Jaú gerou grande comoção. A informação, mesmo sendo desmentida por Murilo Cleto no Desafinado, ainda circula com força por Itararé.

Nobert Elias e John Scotson apresentam um estudo acadêmico sobre as relações de poder em uma pequena cidade ao sul da Inglaterra na obra intitulada "Os estabelecidos e os outsiders" e nela evidenciam como minorias poderosas controlam o pensamento coletivo por meio do uso de fofocas e boatos.

De acordo com os autores, “as minorias poderosas, funcionando como uma espécie de líderes das fofocas, são capazes de controlar as crenças de uma rede mais ampla de vizinhos e de influenciar a circulação de boatos laudatórios ou depreciativos (...)”.

A atual administração municipal é o alvo preferencial dos produtores de boatos e a cada informação falsa o executivo vai se desgastando e a sua oposição ganhando força, pois como diz o ditado “pedra mole em água dura, tanto bate até que fura”.



As críticas à prefeita e seus colaboradores podem e devem ser feitas, afinal vivemos em uma democracia. Porém, a críticas não podem falsear os fatos como fazem os desonestos ou aqueles que não tem mais nenhum argumento. 

As fofocas e boatos visam, unicamente, conturbar a política local ao atacar determinados agentes políticos tidos como inimigos de Itararé que são alvos de calúnias, difamações e injúrias. Os fabricantes de boatos, os fofoqueiros, procuram usar falsas informações como trampolim político. A fofoca é uma das armas dos que estão tendo seus interesses contrariados e que procuram na mentira uma oportunidade.

P.S: Um cidadão famoso na cidade pelo seu envolvimento com a política local lança um texto com uma acusação grave que ele mesmo não sabe dizer se é fato ou boato e ainda quer ter algum tipo de credibilidade.

Abraços,
Marcus.

2 comentários:

  1. Muito bom conteúdo, o Brasil precisa de cabeças pensantes como a sua, parabéns

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  2. Parabéns o Brasil precisa de cérebros pensantes como o seu

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