por LUCAS SANTOS
Kobane é uma cidade localizada dentro do território denominado Rojava (Oeste) que está entre a fronteira Sírio-turca e é habitado pelo povo curdo.
Durante a guerra civil síria, devido à ação da esquerda, representada por partidos como o PYD (Partido da União Democrática) e o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão) e pelo YPG (exercito guerrilheiro curdo), o território conseguiu sua independência que a partir de Kobane se espalhou pelas demais cidades de maioria populacional curda.
Em setembro de 2014 o território passou a sofrer constantes ofensivas do Daesh (Estado Islâmico) que resultaram na tomada de mais de 300 vilarejos curdos dentro do território independente.
O grande destaque das lutas do povo curdo é dado ao YPJ (Unidade de Proteção das Mulheres), formado por aproximadamente 7.000 guerrilheiras que atuam no front contra os avanços de Daesh e os ataques constantes da Gendarmaria (Forças Policiais Militares da Turquia).
Em outubro de 2014 um coletivo designado como DⒶF (Ação Anarquista Revolucionária) se reuniu em solidariedade ao povo curdo e realizou um ato simbólico onde as cercas que separavam Kobane das demais cidades e vilarejos de Rojava foram derrubadas. Em entrevista concedida ao Meydan Newspaper, Abdülmelik Yalcinc descreveu o ato da seguinte forma:
No momento em que atravessamos a fronteira fomos saudados com grande entusiasmo. Nos vilarejos de fronteira de Kobane, todos, jovens, idosos, estavam nas ruas. As guerrilhas YPG e sua seção feminina YPJ, saudaram nossa eliminação das fronteiras atirando para cima. Nos reunimos nas ruas de Kobane. Mais tarde, conversamos com os habitantes da cidade e com os integrantes das guerrilhas YPG/YPJ que defendem a revolução. É muito importante que as fronteiras entre povos que os Estados ergueram tivessem sido esmagadas daquele modo. Essa ação que aconteceu em condições de guerra nos mostra uma vez mais que levantes e revoluções não podem ser barrados pelas fronteiras entre os Estados.
Desde o momento em que os membros da DⒶF se manifestaram como membros da insurreição curda, diversos foram os grupos de cunho libertário que aderiram à causa. Atualmente o coletivo com mais referências presente no conflito é o estadunidense Black Rose, porém o front conta com militantes do Sosyal Isyan (Insurreição Social) e do Birleşik Özgürlük Güçleri (Forças Unidas da Liberdade) de origem curdo-turca e com diversos anarquistas de nacionalidades distintas, vindos tanto do oriente próximo quanto do território europeu.
O principal objetivo das forças libertárias que atuam em Kobane é o impedimento do avanço dos jihadistas do Daesh, porém, muitos deles têm atuado na constante reconstrução dos territórios reconquistados após as evasivas islâmicas.
O porta voz do grupo Sosyal Isyan, em entrevista concedida ao portal jyian.org, diz que a atuação dos anarquistas, ambientalistas e vegetarianos, pertencentes ao seu coletivo, junto aos curdos, se dá pela solidariedade internacional e que a ideia é que sejam constituídas Brigadas Internacionais semelhantes as que atuaram na revolução espanhola para que sejam praticados os ideais de Malatesta e Bakunin.
A luta armada não é um dos princípios régios da filosofia política anarquista, como acontece em algumas vertentes do socialismo, porém, devemos entender que o pensamento anarquista é livre de autoridade, logo, pode ser adaptado de diversas formas a qualquer circunstância real seguindo sempre seus quatro princípios fundamentais: a liberdade individual, a autogestão, o internacionalismo e a ação direta.
A resistência aos avanços do Daesh e a solidariedade para a reestruturação do território de Rojava, sem o apoio das Democracias Liberais, visto que a Organização das Nações Unidas pouco tem se mobilizado contra a barbárie promovida pelo Estado Islâmico, nos demonstra a força do constantemente rejeitado pensamento libertário.
Saudações Libertárias!
Kobane Resiste!
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