por MARCUS V. DO NASCIMENTO
A luta por uma vaga em uma universidade ou em cargo público mostra o quanto um bom salário e uma estabilidade no emprego é algo que reflete como a questão do trabalho ainda é mal resolvida no país, vide o caso das empregadas domésticas. Um bom emprego é o motivo que mais faz lotar as cadeiras de cursinhos pré-concursos e pré-vestibulares.
Não existe um curso que presta serviços às pessoas que concorrem ao maior "concurso público" do país, as eleições. Porém, existe a figura do marqueteiro que resolve a situação daquele cara que quer ganhar uma eleição, mas não que se sente preparado para o pleito.
Em troca de um belíssimo salário mensal, privilégios, um pouco de poder, entre outras "vantagens", alguns candidatos sujeitam-se a ser aquilo que o seu "consultor político" deseja, como por exemplo, beijar, apertar a mão e abraçar pessoas que em hipótese alguma fariam em uma situação cotidiana.
Os marqueteiros orientam ao candidato que ele deve maximizar a sua imagem, nem que para isso o coloque em situações contraditórias, como ser amigo do patrão e do operário, do pastor e do homossexual, do policial e do manifestante, tudo isso na busca de uma maior pontuação no concurso, desculpe, eleições.
Os candidatos assumem diferentes posturas, às vezes as mais pitorescas, por trás de personagens de muito apelo. Santinhos, jingles e frases de efeito pontuam mais que ideias e projetos, de acordo com o que nos dizem as urnas nos últimos anos.
E quando todas as formas de recrutamento à causa dos candidatos falham, sempre existe uma última solução que consiste no ato mais divino de uma pessoa: o ato de doar. Mesmo sendo ilegal, a prática persiste e tem seus resultados.
O motivo de não existirem tais cursos pré-eleições é claro: a fórmula vendida pelos marqueteiros já está pronta, funciona e não tem prazo de validade.
P.S: É necessário deixar claro que esse texto nada tem a ver com o discurso da formação acadêmica como pré-requisito para se eleger, isso seria apenas mais uma ideia elitista em torno das eleições.
Parabéns Marcão! Uma boa visão sobre o que se tornou uma vaga a um cargo politico! Deixou de ser uma oportunidade de melhorar o país para uma oportunidade de melhorar de vida.
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