QUANDO NÃO NOS SENTIMOS REPRESENTADOS
Por que nulo?
por MARCUS NASCIMENTO
Quando houve a proposta de escrever em quem votaríamos, confesso que fui pego de surpresa, me senti desorientado e até mesmo pressionado, pois não tinha pensado no meu voto para saber quem será o próximo presidente no quadriênio de 2015 a 2018.
Os governos de Lula e Dilma trouxeram inúmeros avanços para o país, principalmente ao tirar milhões de pessoas da miséria, algo que nunca havia sido feito na história desse país. Porém, a aliança com Paulo Maluf em algumas eleições, por mais pontuais que sejam, me deixou muito temeroso quanto aos caminhos que essas alianças podem levar.
A chapa formada pelo PSB e Marina, que aparece como a terceira força nessas eleições, mostra como a busca por votos e também por projeção falam muito mais alto do que ideias em comum, o que para mim é inconcebível.
Já o candidato tucano Aécio Neves nunca foi uma opção. A política neoliberal pregada por seu partido já nos custou muito caro nos governos de FHC. Além dos casos nebulosos que envolveram seu governo em Minas Gerais, como o aeroporto na cidade de Cláudio.
A única pessoa que consegui flertar com as propostas foi com Luciana Genro do PSOL. No entanto, a grande dificuldade em escolher um candidato para o pleito mostrou que o partido não está muito afinado no seu projeto de governar o país.
Analisar as propostas e separar os fatos dos boatos não foram o suficiente para que pudesse realizar uma escolha. Nenhum projeto dos candidatos e de seus respectivos partidos reuniu o que eu realmente desejo para o país. Por esses motivos, votarei nulo.
O voto nulo nesse sentido não é uma abstenção, e sim uma insatisfação com os candidatos. Cunha e Amaral afirmam que por meio do voto nulo:
“(...) o cidadão expressa sua condenação às limitações do pleito. O voto em branco é de quem cala; o voto nulo é de quem fala, protestando. Daquele que, particularmente nas rodadas de segundo turno, não se vê contemplado pelas candidaturas em disputa. (AMARAL, Roberto; CUNHA, Sérgio Sérvulo da. Manual das Eleições. 4ª edição – São Paulo: Saraiva, 2010. p. 89).
Muitos podem condenar o voto nulo por considerar o voto a uma legenda como um instrumento fundamental para a construção de um Brasil melhor, mas como diz o clichê ser cidadão não se resume apenas em votar. A participação pública nas causas de interesse é tão importante quanto o voto.
O triste é constatar que as pessoas só se atentam em digitar e discutir sobre o número, o qual acham que vai "salvar" o futuro e logo depois se acomodam em seus seguros lares, comem sua ração, assistem televisão e política só daqui quatro anos. A esperança dedicada exclusivamente ao voto consiste na dose de alienação injetada na veia da população, que prefere o voto do que sair as ruas cobrando, protestando e revolucionando.
Obs: A história de que se mais de 50% dos votos forem nulos a eleição seria cancelada é uma das grandes mentiras que circulam pela internet.
Abraços,
Marcus.
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