quarta-feira, 18 de junho de 2014

"Criamos um Monstro!"

por ISRAEL CASTILHO


É, amigos, começou a tão esperada Copa do Mundo. A "alegria" e a "ousadia" estão aí na rua. A todo momento vemos na TV a exaltação do futebol e da nossa amarelinha como símbolos máximos do país. A TV transborda de gringos com os bordões "I Love Brazil!", "Samba!", "Rio de Janeiro". É uma festa só.

Mas não era assim até um tempo atrás. Ou era?

Em um mundo onde paixões, ideias e atitudes são tão passageiras quanto a própria Copa, parece que o nosso gigante padece de esquizofrenia. E de Alzheimer também. Com isso, reivindicações foram deixadas para trás, protestos enfraqueceram, e os que aconteceram e acontecem durante a Copa, a mídia suaviza. Tudo voltou ao marasmo habitual. É o poder da bola. Ela nos faz esquecer.

Allan Moore, um dos mais importantes escritores de quadrinhos dos últimos anos, na sua obra clássica "V de Vingança", usa a frase "Lembrem, lembrem o 5 de Novembro", em referência ao dia em que Guy Fawkes (aquele mesmo que inspirou a máscara que virou moda nos protestos) foi preso com explosivos nos porões do Parlamento inglês, prontinho para mandar tudo pelos ares. A frase, neste caso, é usada como um despertar. Lembrar, e não esquecer.

Também não podemos esquecer. 

Frente a esse patriotismo forçado e efêmero que vemos na rua, eu diria: "Lembrem, lembrem nossos 514 anos de história". Assim, quem sabe, as coisas façam mais sentido.

Afinal, 514 anos valem mais do que 5 ou 6 estrelas no peito.

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