por MARCUS NASCIMENTO
Os brasileiros sempre elegeram um culpado para as derrotas da seleção em copas do mundo, desde Barbosa, goleiro do fatídico mundial de 1950, até casos mais recentes, como o de Roberto Carlos e sua meia em 2006 e da expulsão de Felipe Melo em 2010. Nesses casos, podemos observar que um único jogador é responsabilizado por um fracasso que foi coletivo.
Nessa Copa não será diferente, caso o Brasil saia derrotado. No entanto, o que chama atenção em 2014 é que o alvo não está atuando dentro das quatro linhas do campo, está fora. As vaias e ofensas dirigidas à presidente Dilma Rousseff no jogo de estreia da seleção e do mundial, evidencia bem como o vilão, ou melhor, a vilã já foi escolhida.
Os críticos da realização do megaevento (não será discutido aqui se esses argumentos são válidos), porém se esquecem de que a presidente não foi a única responsável pelo suposto fracasso.
Voltemos a 2007. Uma grande comitiva composta por Lula, Ricardo Teixeira, Romário, Dunga e alguns governadores (dentre eles Aécio Neves e Eduardo Campos) chegava em Zurique, na Suíça, para a confirmação da FIFA de escolha do Brasil como sede do mundial de 2014.
Em meio à euforia que tomou conta do país, os governos estaduais e suas respectivas capitais se preparavam para começar uma árdua luta para sediar os jogos. Para isso, governadores e prefeitos lançaram mão de inúmeros projetos milionários de infraestrutura que, em sua maioria, não saíram do papel. Porém, todos políticos com envolvimento com cidades candidatas à sede viam no mundial a chance de alavancar a sua imagem.
Após a definição das sedes, PSDB e seus tradicionais aliados tinham uma maior representação nas cidades escolhidas do que o próprio PT. Ou seja, não era só Partido dos Trabalhadores que poderia utilizar o evento como arma política.
Os anos foram passando, as promessas não eram cumpridas e a pressão da mídia e da população cresceu. O tiro saía pela culatra e aqueles que viam na copa um trampolim para grandes saltos dentro da política brasileira mudaram de “lado” e passaram a criticar o evento. O caso mais emblemático talvez seja o de Ronaldo, membro do COL (Comitê Organizador Local), que disse sentir vergonha do Brasil e logo após apoiou a candidatura de Aécio.
A ideia da Copa como “solução” dos problemas do Brasil foi naufragando e todos que estavam nesse barco procuraram dissociar sua imagem com o evento, o que para a presidente era impossível fazer.
A culpa que deveria ser dividia entre governo federal, os doze estados e municípios, e o COL, ficou com apenas uma pessoa, pois a redes sociais e a imprensa colocam toda a responsabilidade do que não aconteceu e que não foi construído em Dilma.
Ao escolhermos a presidente como a grande vilã, absolvemos os outros envolvidos com a Copa. Nesse ponto, nada difere Dilma de Barbosa, Roberto Carlos ou Felipe Melo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário