quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Imigração em xeque na Europa

por SANDRO CHAVES ROSSI



Não é de hoje que vemos nos noticiários diversos países desenvolvidos sofrerem com a questão da imigração ilegal. Imigrantes se sujeitam a condições desumanas para conseguir entrar em um país, enfrentam fome, sede, condições climáticas adversas e, por muitas vezes, abusos de quem supostamente devia ajudá-los - como em diversos casos em que imigrantes acabam se tornando vítimas de algum trabalho escravo. Mas o que leva essas pessoas se arriscarem tanto para viver em um país diferente? 

A questão da imigração ilegal é muito mais complexa do que se imagina. À primeira vista, sabemos que esses imigrantes buscam melhores condições de vida e subentende-se que isso esteja atrelado a questões como melhores condições de trabalho, moradia, saúde e educação. Nada mais o que todo cidadão almeja de seu país. Porém, o que faz um país ser tão superior em relação ao outro nesses quesitos? Existem vários motivos, desde pobreza, falta de oportunidades e guerras. Porém a questão é: o que esses países que estão recebendo milhares de imigrantes estão fazendo para lidar com essa situação? 

A Europa é porta de entrada para 560 mil imigrantes ilegais todos os anos. Muitos acabam sendo vítimas de fatalidades. Os mais prejudicados são os africanos: estima-se que dois mil africanos morrem ao tentar atravessar o Mediterrâneo, é o que aponta o relatório da Comissão Mundial sobre as Migrações Internacionais (CMMI). Hoje em dia, vivem um pouco mais de 56 milhões de estrangeiros no continente europeu, o que representa 7,7% da sua população. Uma pesquisa feita pela CMMI em 2005, chamada Migration in an interconnected world: new directions for action, pretendia constituir um plano de ação para controlar os fluxos migratórios, dos quais as mulheres (48,6% dos imigrantes) e as crianças são as principais vítimas. 

Hoje, 10 anos depois, a situação se intensificou. Só no primeiro trimestre de 2015, quase 57.300 imigrantes ilegais chegaram à Europa. Esse número representa praticamente o triplo do mesmo período de 2014, ano em que foram quebrados todos os recordes, inclusive os atingidos durante as primaveras árabes. A Frontex, agência que controla as fronteiras externas da União Europeia, monitora as diferentes rotas usadas por imigrantes e como essas pessoas chegam aos limites do continente. Segundo o órgão, cerca de 340 mil foram detectados nas fronteiras desde o começo do ano. No mesmo período do ano passado, foram 123,5 mil. 

O maior grupo de imigrantes é de sírios, que fogem da violenta guerra civil em curso no país. Afegãos e eritreus vêm em seguida, geralmente tentando escapar da pobreza e de violações aos direitos humanos. Os grupos originários da Nigéria e do Kosovo também são grandes. Na Itália, pessoas que chegam da Eritreia formam o maior grupo, seguidas por aquelas que vêm da Nigéria. Na Grécia, porém, os sírios formam a maior população, seguidos pelos afegãos. Apesar desses países sofrerem grandes impactos pelo fluxo migratório, a Alemanha é o país que mais recebe pedido de asilo e tem uma estimativa de que receberá cerca de 800 mil imigrantes só esse ano. 

A Frontex tem respondido pela maioria das operações de resgate. Depois de muita discussão, em abril os líderes da União Europeia concordaram em triplicar o financiamento da operação Triton, que visa resgatar os imigrantes que não conseguem ultrapassar as fronteiras, para cerca de 120 milhões de euros. Em abril, líderes da União Europeia prometeram reforçar a patrulha marítima no Mediterrâneo, onde o fluxo migratório é mais intenso, para acabar com as diversas redes de tráfico de pessoas e tomar e destruir barcos antes que imigrantes embarquem neles. Porém, apesar do aumento dos investimentos nas operações, ainda é pouco e alguns países diminuíram o retiraram os investimentos feitos a essas operações, alegando que seria muito caro continuar mantendo esses serviços. Os países do Reino Unido foram os que mais cortaram seus custos. 

A União Europeia não consegue chegar a um consenso sobre uma política sólida de asilo. Isso acontece porque há muitas divergências entre os 28 Estados-membros, cada um com suas forças policiais e judiciárias. Defender os direitos dos imigrantes se torna difícil em um ambiente que se acostumou a uma boa saúde econômica e que agora passa por uma crise que parece nunca cessar. Muitos europeus estão desempregados e temem a concorrência com os trabalhadores estrangeiros, e os países da União Europeia não se entendem sobre como dividir o problema dos refugiados. 

Outra via que aparece em meio a essa discussão é o problema demográfico que a Europa sofre há alguns anos. Com a população diminuindo a cada ano, a Europa se mostra carente em algumas áreas de trabalho e precisa resolver isso com urgência para que não sofra no futuro. Alguns países concordam com essa via por já estarem sofrendo com a falta de profissionais, como a Alemanha, porém, com a crise, boa parte dos governantes ainda está bastante receosa.

3 comentários:

  1. esse discurso da esquerdalha é muito bonito mas ninguem quer imigrante em seu país pois acabam marginalizados e roubano emrpego de quem merece por viver em seu proprio país. Quero ver o murilo cleto jr ai levar um haitiano pra casa rs

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    1. Você não tem competência suficiente pra garantir o teu emprego, sr, anônimo?

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  2. Seus textos sempre pautados nos mais verossímeis estudos históricos, extremamente didáticos, com um cuidado para ser o mais impessoal que a prórpia impessoalidade permite e ainda tem leitores que não entendem. Lamentável, vão pesquisar amiguinhos!

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