A brutalidade das acusações contra a chefe do executivo vai na contramão da produtividade na Casa de Leis. Confira gravação do discurso em plena tribuna
por MURILO CLETO
Em sessão ordinária da Câmara Municipal de Vereadores de Itararé em 19 de fevereiro de 2013, Willer Costa Mendes disparou contra a prefeita Cristina Ghizzi: "ela vai lá e cacareja do jeito que quer", referindo-se às suas participações no programa de rádio "Na Hora da Verdade", da Rádio Clube 1550 AM. No discurso, o vereador sustenta que Cristina viveu à sua sombra enquanto legisladora e que é "oca", "vã" e "medíocre".
Esta não é a primeira vez que Willer se dirige de maneira agressiva à prefeita. Durante os trabalhos da Comissão Processante, afirmou em entrevista que, se fosse homem, Cristina deveria levar um soco do vereador Jorinha. Na mesma sessão do dia 19, voltou a afirmar, sem provas, que a prefeita falsificou documentos.
Num rompante singular de divagação, começou a discursar sobre exames antidoping após dizer que a prefeita é uma "droga": "falando nisso eu ando com uma vontade de pedir antidoping, rapaz, tá em voga agora antidoping, né? Tão pedindo antidoping lá pro coisa lá, pra aquele lutador lá. Vou pedir anti pra mim aqui na Câmara. Garanto que o meu só vai dar cerveja e uísque, a vida inteira foi isso".
Confira a gravação da sessão aqui, a partir dos 8 minutos: http://bit.ly/1C6wdM2
Willer causou desconforto na oposição quando veio a público a votação do Projeto de Lei, encaminhado pelo executivo no mês passado, que pedia a incorporação de R$ 348 mil em emendas parlamentares para a compra de equipamentos para a Saúde. Na ocasião, o projeto foi surpreendentemente vetado pelos 8 opositores. Diante da repercussão negativa, uma nota assinada pelos vereadores que recusaram a emenda tentou explicar os motivos da rejeição, alegando que a verba já estava na conta bancária do município e que a prefeitura não utilizou por falta de competência. Alega o documento ainda que o recurso não foi aprovado para que não fosse desviado, como supostamente ocorreu com outro. No mesmo dia em que a nota foi lançada, o blog Desafinado publicou, com exclusividade, gravação em que o vereador Willer desmente todo o raciocínio, jogando por terra a elucubração:
"É triste a gente ter que votar assim, mas, como ela própria chefe do executivo disse, ela não depende de vereador. Eu não lembro bem as palavras que ela disse, mas 'que a maioria que faça valer', é mais ou menos por aí. Que nós não temos maioria, tudo. Então eu vou votar 'não', e vamos ver até quando ela vai ficar sem respeito. Vamos ver se ela vai respeitar o vereador ou não. Qual que é o modo de a gente fazer prevalecer? É votar 'não'! Quero ver se ela vai governar sem vereador. Ela disse que não precisa de vereador. Inclusive ela disse que se o vereador ficou de joelho lá o Zetão pode passar pra outro lado, foi mais ou menos por aí. Então eu vou votar 'não'. Obrigado, senhor presidente."
Em mais de 2 anos e 2 meses de mandato, o vereador Willer é autor de 5 projetos de lei - nenhum em 2014. O último deles, de 2015, proíbe a prática de empinar pipas ou papagaios em locais públicos próximos à rede de fios elétricos ou telefônicos. Um PL dispõe sobre produtos que podem ser comercializados em bancas de jornais e revistas instalados em logadouros públicos. Outro declara uma entidade como de utilidade pública. Os demais instituem datas comemorativas.
Abraços,
Murilo
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