quarta-feira, 8 de abril de 2015

O fascismo do antipetismo antidemocrático

por SANDRO CHAVES ROSSI


O antipetismo é uma reação política, social ou individual contra o que o Partido dos Trabalhadores (PT) representa. Há alguns desses movimentos que devem ser avaliados com mais cuidado, para não engatarmos a marcha ré no processo civilizatório. O grande problema é que esse movimentos estão crescendo cada vez mais. Antes de continuar a leitura desse texto, quero deixar claro que a minha crítica é contra os movimentos antidemocráticos e de cunho fascistas, e não a oposição justa e honesta.

Antes de tudo, vale lembrar que antipetismo já existiu antes e foi aquele que levou Fernando Collor à Presidência da República, depois de uma disputa polêmica com Luiz Inácio Lula da Silva, na época candidato do PT. Esse antipetismo é o mesmo, guardadas as proporções políticas da época e de hoje, que se faz representar nos eleitores indignados com a presença de pobres nos aeroportos e que sentem calafrios só de ver os jovens da periferia nos shoppings. Também se apresentou em 2014 e em 2015 pedindo a volta dos militares. Esse é o antipetismo fascista e extremamente letal para a democracia. 

O ódio cresce, inflamado por colunistas e por âncoras de TV. Isso ficou claro na reação preconceituosa contra os nordestinos, proporcionalmente os que mais votaram em Dilma Rousseff, e contra seus eleitores em geral, chamados de "despreparados" por Fernando Henrique Cardoso ou de "bovinos", como disse Diogo Mainardi ao comentar o resultado das eleições, sem contar com as inúmeras ofensas proferidas pelos mais diversos artistas nas redes sociais. 

Há uma "fascistização" dos setores conservadores, inconformados com as mudanças sociais e a sequência de governos do PT. A defesa do militarismo e a mistura de conservadorismo com nacionalismo, que aparece em gritos de “o Brasil é verde-amarelo e não vermelho”, lembram tanto a ditadura militar iniciada em 1964 como os movimentos fascistas, que nem a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que tinha como uma de suas principais pautas o macarthismo (ideologia anticomunista). Ainda estamos no delírio de que vivemos numa Guerra Fria e que um golpe comunista é iminente, porém, somado a isso, cresce a xenofobia contra países como Cuba e Venezuela - quem aqui nunca foi mandado pra Cuba numa discussão política?

A mídia colabora também para que esses movimentos ganhem força, pois são notícias como essas que vendem jornal, não é à toa que a grande parte da grande mídia se concentre em São Paulo. Quem tem a mais tênue noção do que seja fascismo, se for paulista, e, sobretudo, paulistano, sabe que há uma epidemia fascista em São Paulo. Pode até haver casos parecidos em outros estados, mas em São Paulo, e sobretudo na capital, o problema já saiu de controle. Mesmo assim vale ainda lembrar também das atrocidades que esse ódio exacerbado e cego já causou em outros lugares do Brasil, que nem aconteceu em Curitiba, em 2014, quando Hiago Augusto Jatobá de Camargo, de 21 anos e militante do PT, foi assassinado com uma facada durante uma manifestação. O caso foi pouco repercutido na mídia, os poucos veículos de informação que deram a notícia tiveram inúmeros comentários fascistas em seus respectivos portais de notícias.

Para a democracia se manter, toda a sociedade deve se comprometer com ela, aceitar o resultado das urnas e não recorrer a ações violentas para reverter as mudanças aprovadas pela maioria. A última aventura desse tipo no país resultou em duas décadas de direitos cerceados, mortes e tortura. É preciso cuidado, pois não estamos livres de repetir os erros do passado. O que a sociedade e a boa parte da oposição deveriam saber é que o fascismo não tem cara, ideologia e muito menos partido. Hoje é o PT que está no poder, amanhã será a oposição e o fascismo ainda estará firme e forte, pronto para bater em quem for, ou, infelizmente, até matar.

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