por SANDRO CHAVES ROSSI
"E o petrolão dos petralhas!?". Foi um dos comentários feitos no portal de notícias da Gazeta do Povo, especificamente em uma matéria que falava dos cortes de gastos do governador Beto Richa (PSDB-PR) no sistema público de educação. Não é difícil ver o contrário acontecendo. Pra falar a verdade, é extremamente comum. Mas até que ponto o PT e o PSDB são os grandes vilões da história toda? Bem, que eles não são santos nós sabemos, mas e o PMDB? Você conhece?
O PMDB é o maior partido do Brasil, literalmente. Nas últimas eleições, o PMDB foi o partido que elegeu o maior número de governadores no país, foram 7 no total - RS, RJ, ES, SE, AL, TO e RO. O partido ainda tem a maioria dos prefeitos, vereadores e deputados estaduais no Brasil inteiro. O PMDB conseguiu maioria no senado também. Dos 81 senadores, 19 são do partido. Além do mais, o senado é presidido por Renan Calheiros (PMDB-AL). No congresso, ficou atrás apenas do PT. O PMDB elegeu 66 deputados federais e, assim como no senado, conseguiu a presidência da casa com Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O PMDB ainda conta com 6 ministros no novo governo e a vice presidência da república com Michel Temer (PMDB-SP). O grande problema é que, com uma maioria política, o partido se sente livre para aplicar suas políticas, mesmo não sendo líder do governo federal. É aí que mora o perigo.
Michel Temer já disse que quem dá o tom da política no país é o PMDB. É fácil de ver que o que foi dito pelo vice-presidente é verdade: devido à sua vasta maioria partidária no cenário político brasileiro é fácil de concluir o que algumas pessoas já dizem há algum tempo: ninguém governa sem fazer aliança com o PMDB. Temer ainda disse que essa é realmente a intenção, fazer o PMDB crescer cada vez mais. Isso torna o partido um verdadeiro "catch-all parties" (partido pega-tudo) composto por políticos de diversos segmentos e ideologias, dos mais conservadores até aos mais progressistas. Ainda tem mais: o vice-presidente disse que hoje a intenção do partido é se tornar protagonista de vez e lançar o seu próprio candidato em 2018. O PMDB pode aparecer como uma terceira via nas eleições de 2018 e pode surpreender, visto que os protagonistas da bipolarização PT x PSDB vêm se defasando cada vez mais e perdendo muitos eleitores.
As políticas propostas por alguns dos principais nomes dos partido têm conseguido se consolidar mesmo com as pressões populares contrárias. Atualmente os dois maiores exemplos são o deputado federal e presidente do congresso, Eduardo Cunha, e a ex-senadora e atual ministra da agricultura Kátia Abreu. Cunha propõe seus projetos juntamente com a bancada evangélica, dentre eles estão o projeto que proíbe a adoção de crianças por casais homossexuais e o dia do orgulho heterossexual (sic). Além disso, Eduardo Cunha já se mostrou contrário a algumas pautas da reforma política, como o fim do financiamento privado em campanhas políticas. Eduardo Cunha também teve seu nome citado nas investigações da operação Lava Jato.
Kátia Abreu segue a mesma linha, porém sua decisões são tomadas juntamente a bancada ruralista. A atual ministra da agricultura teve um papel importante em tornar mais "flexível" o Novo Código Florestal Brasileiro, aprovado em 2012, que deu mais facilidades para desmatar áreas nativas para favorecimento do agronegócio. A batalha de Kátia Abreu contra a população indígena também é bastante conhecida: Kátia tenta a todo custo ter um controle mais "rígido" sobre terras indígenas, tentativas que já geraram inúmeros conflitos entre índios e latifundiários - vale lembrar que Kátia Abreu disse que não existem latifúndios no Brasil. Em 2010, o Greenpeace "premiou", na época, a senadora com a "Motosserra de Ouro", coroando-a como a "Miss desmatamento".
Com base em dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral, o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) divulgou balanço com os partidos com maior número de parlamentares cassados por corrupção desde 2000. O PMDB ficou em segundo lugar, com 66 políticos cassados, ficando atrás apenas do DEM, que teve 69. Basta dar uma boa olhada nos principais representantes do partido para saber que boa coisa não é. Nomes que vão de Renan Calheiros até o já aposentado José Sarney, além do atual caso da Lava Jato, que mostra a maioria dos envolvidos ligados ao partido. Há quem prefira ficar nessa rixa a de "meu partido rouba menos que o seu", protagonizada por PT x PSDB, porém o buraco é bem mais embaixo.
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