Ainda de carona com os efeitos do debate de terça-feira passada, esta semana me dedico especialmente a toda a barulheira gerada por conta de um aspecto em especial. Atenção aos links arrolados ao texto!
Gerou estridência a fala da candidata à prefeitura de Itararé, Cristina Ghizzi (PT/SP). Durante o debate realizado na semana passada no auditório da FAFIT, declarou abertamente que pretende cadastrar o município no programa do governo federal "Minha Casa, Minha Vida" e que a construção das casas deve ocorrer no centro.
Como quem tem boca fala o que quer, infestaram as redes sociais com mais algumas avalanches de ignorância e um pouco mais, eu diria... pânico.
Primeiro que não se faz necessário nenhum status de gênio para compreender que a área central corresponde, na verdade, ao perímetro urbano dotado de toda a infra-estrutura necessária para abrigar, de maneira digna, um conjunto habitacional. Segundo: ainda que as casas sejam construídas no centro, o projeto continua sendo factível - e eu conto porquê.
De acordo com decisão do Conselho Curador do FGTS ainda em 2011, o teto para imóveis novos e usados financiados com recursos do fundo subiu - para municípios a partir de 50.000 habitantes - de R$ 80.000,00 para R$ 100.000,00. Para famílias com renda bruta até R$ 1.600,00, o governo compra o imóvel e subsidia até 95% do seu valor total. Uma passeada pelas imobiliárias da cidade revela terrenos no centro com valores entre R$ 30.000 e R$ 40.000 - fácil, sem muito esforço de procura.
Na última sexta, R$ 3 bilhões foram injetados pelo governo federal para a compra de materiais de construção e afins para clientes do programa. E tem mais: o governo Dilma apresentou proposta à Caixa Econômica Federal que procura atender também a classe média a partir da redução da taxa de juros para a faixa 3 - famílias com renda entre R$ 3.101,00 e R$ 5.000,00 -, que hoje opera em 8,16%, para 7,16% ao ano.
Verdade seja dita, toda essa operação acontece hoje para resolver um "problema" criado pelo próprio governo PT: a economia do país de fato cresceu. Desde o primeiro governo Lula, não apenas o conserto do chamado "populismo de câmbio" - manobra de FHC para garantir sua reeleição em 1998 - serve de trunfo para esta alegação. Entre 2003 e 2008, a inflação permaneceu religiosamente inferior a todo o governo Fernando Henrique Cardoso e a partir de então as taxas de crescimento têm ascendido de maneira inversamente proporcional à dívida pública. O aumento real do salário mínimo, acompanhado de programas sociais como o Bolsa Família, tem contribuído para a maior redução da desigualdade social em 40 anos.
Durante a recente crise global, a redução do IPI - que impediu uma série de demissões em massa - esteve acompanhada da criação de milhões de empregos formais. Por outro lado, este vídeo mostra o que aconteceria com o país diante da crise se governado por José Serra.
Ao que tudo indica, o problema não está na construção das casas populares no centro pela falta de viabilidade e sim pelo pânico. Pânico da classe média conservadora que até ontem via o trabalhador no máximo esperando o pior ônibus passar para uma viagem qualquer e hoje já conhece os aeroportos. Porque hoje Ensino Superior já não é mais artigo raro de luxo exótico. Pânico, porque quem esteve condenado à sombra hoje vislumbra lugar ao sol, por tanto tempo usado de iluminação privativa.
O choro é livre.
Abraços,
Murilo.
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